2 de maio de 2008

Suor de vida



Eu poderia ter vindo no dia, teria feito as coisas ficarem muito mais autênticas. Agora, talvez, tudo esteja um pouco influenciado pelos outros acontecimentos, mas tudo bem. Eu tenho que contar que por mais que o presente e o passado tenham muitas diferenças, eu, naquele dia abafado de céu cinza, de anúncio de chuva, senti o mesmo que antes: aquele suor de vida escorrer pelo meu rosto, aquele cansaço de tanta vivência. E a cidade lá atrás nunca pareceu tão comum. Sempre indiferente, mas agora, eu também era indiferente com ela, também tinha minhas coisas a fazer. É, eu acho que foi bom. Acho que, na verdade, esses dias todos têm sido bons, ou pelo menos, melhores. Eu já percebi que o que eu buscava era uma utopia, mas encontrei uma outra saída pra não me sentir tão abandonada, e o mais importante: comecei a fazer algo. Às vezes a gente sabe tanto das cousas, mas não usa esses conhecimentos, e isso é péssimo porque é o mesmo que não saber nada. De qualquer maneira, eu não me sinto mais assim.
Eu me surpreendo achando chato ter que voltar todo o dia pra lá. É, realmente é cansativo, mas sei que tem um medo que me ronda. Além de todos ou outros medos, um novo: medo de gostar daquele lugar, de me integrar nessa vida. Realmente, ela não se parece comigo, mas se eu sobreviver, sei que nada mais vai poder me assustar.