24 de maio de 2008

Todos nós

Eu acho que existem certas coisas estranhas na vida que não dá pra explicar. Não falo de extraterrestres, de espíritos, de acasos, de sorte ou azar. Queria só dizer pra alguém, seja quem for, que eu estou aqui. E que eu sei que em algum lugar alguém procura por mim. O mundo é tão grande. Mas pode ser tão pequeno também. Eu falo quatro línguas, mas tem uma que nenhuma escola, nenhum dicionário, nenhum professor, pode ensinar: a língua do coração. Eu quis tantas vezes saber o que se passa na cabeça de alguém, das outras pessoas, daquela garota chata, do menino rebelde... E quer saber, eu até sei mais ou menos o que é. E eles também podem já ter querido saber alguma vez. Não sei qual interesse é maior e que sentido isso tem, mas a questão é que ninguém é igual a ninguem, mas a sociedade vive dizendo que não devemos considerar o outro diferente. Quem entende isso? Bom, na verdade eu não discordo. Somos diferentes em muitos aspectos, e iguais em outros. Somos diferentes no biotipo, nos hábitos, na religião, nos gostos, na cor dos olhos, na altura, na sociabilidade, no jeito de escrever, de ver o mundo, de vestir. Somos iguais porque somos todos humanos, todos temos sentimentos, vontades, sonhos, crenças em algo, gostamos de música, de televisão, de rir, de ganhar, todos queremos ser reconhecidos pelo que fazemos, todos somos um pouco loucos e já fizemos pelo menos uma coisa errada na vida. Nós não gostamos do mesmo tipo de música, nem nos vestimos do mesmo jeito, nem acreditamos nas mesmas coisas, nem temos os mesmos sonhos, mas somos iguais. Nós podemos ser vistos de maneiras diferentes por nós mesmos, mas temos muito mais em comum do que imaginamos. Mas hoje em dia, e na verdade, talvez desde sempre, nunca nos permitimos nos mostrar de verdade, ser quem realmente somos. O que temos de melhor, fazemos questão de esconder, de tornar uma parte íntima de nós, até que ela se atrofie e gente se perca.
Não, não foi nada disso que eu quis dizer quando me referia às coisas estranhas da vida. Essas coisas tambéms têm a ver com os sensações das pessoas, com o ego delas, mas é algo mais detalhado. São coisas que todo mundo sabe e sente, mas às vezes não conscientemente. Eu, você, eles, todos pasamos por isso. Bom, pelo menos, eu espero que sim.