31 de julho de 2009

Um dia de julho

Definitivamente não parecia um dia de julho. Aliás, o último dele. Corrigindo: não parece, no presente. Afinal, ainda são dez e alguma coisa da noite e até agora pouco eu estava só com a regata do meu pijama e uma calça, sem meia nem nada. Onde foi parar o inverno?
Hoje de manhã, sentada com os pés ao sol, o vento entrava pela janela e trazia o ar morno de fora. O céu tão azul, o cheiro do dia tão aquecido pelo calor. Isso é julho?
Parecia férias, e ao mesmo tempo não. Parecia algo inédito e familiar ao mesmo tempo.
À tarde a brisa forte veio acariciar meus pés, dessa vez mais forte, e trazer o som de longe. Mas ainda estava quente.
Eu não sei o que houve com o tempo, eu não sei o que houve comigo, mas houve.

28 de julho de 2009

Desculpas

The Killers - Mr. Brightside



Ela era adorável, mas ele não deixava de estar confuso.
- Martin? – Era Charles que entrava no quarto.
- Hmm? – o irmão mais velho respondeu.
- Eric está lá em baixo.
Ao perceber que não houve resposta, o caçula acrescentou:
- No jardim.
Depois de refletir um segundo, Martin foi até lá. Anunciou sua chegada dizendo:
- Achei que não queria me ver nunca mais...
O amigo, que estava andando distraidamente e a passos moles de uma lado para outro, virou-se para olhar. Usava uma pólo vermelha-alaranjada já um pouco surrada e jeans não muito novos também. Estava diferente, não apenas nas roupas. Havia algo no olhar. O quê?
- Achei que você tivesse notado que foi só força de expressão – respondeu por fim.
- O que você quer? – perguntou Martin.
- Quero ouvir suas desculpas.
- Minhas desculpas?
- Você não foi muito gentil da última vez.
- Você também não foi.
- Não, Martin, ninguém consegue ser mais rude do que você. Está me devendo desculpas.
- Ah, então a questão é essa? Quem foi mais mal-educado?
Eric deu um fraco riso incrédulo.
- Você não vai mesmo ceder?
- Eu nunca cedo, não primeiro. – Respondeu Martin.
- Incrível! Quando é que você vai pegar esse orgulho e enfiar n... Aff! - Ele mesmo se interrompeu. Depois se recompôs: - Olha, seja como for, o jantar da minha mãe ainda está de pé e quando você cair na real venha pegar o convite comigo.
Depois de dizer essas palavras, ia saindo. Martin foi atrás:
- Como assim depois que eu cair na real? E se dessa vez for eu que não quiser ver você nunca mais?
- Força de expressão?
- Não. – Ele se demorou na palavra, em tom quase zombeteiro.
Eles pararam frente a frente, se olhando. Eric apertou os olhos e depois disse, quase com um sorriso malicioso:
- Bom então, só Kevin e Charles estarão convidados.
- Isso é exclusão – a indignação era fingida. - Pensei que fossemos amigos.
- Nós não tínhamos... rompido? – Eric fez uma careta com a palavra; quis rir.
Martin também quis rir, entendo o implícito ali. Revirou os olhos e olhou inconscientemente para os lados antes de responder:
- Não. Hmm, não exatamente. Amigos brigam certo?
- Ahã... – a resposta desnecessária era quase inaudível.
Eric inclinou um pouco a cabeça para o lado, espremeu mais os olhos. Estava feliz. Enfim, estavam fazendo as pazes. Se aquela era a maneira de Martin pedir as malditas desculpas, tudo bem.
Eles estavam mais perto um do outro. Quando haviam se aproximado?
- Vamos dar uma trégua, tá bem? – sugeriu Martin.
- OK.
Momentos em silêncio pareceram uma eternidade. Mas nada constrangedor. Por fim, Eric tirou um pequeno envelope gelo do bolso traseiro e entregou ao amigo.
- Ei, meu nome já estava aqui de qualquer maneira. – E fingindo indignação novamente: - Você me usou!
O tom brincalhão voltou à tona. Estava tudo realmente bem então.
Eles riram.
- Como será que estão as coisas no café? – Eric fez uma sugestão implícita.
- Só vou deixar o convite lá dentro. Charles estava morrendo de medo de não ser convidado e perder toda aquela comida deliciosa!
Martin abriu a porta da frente e mostrou o pequeno convite ao caçula, que estava próximo à porta da biblioteca na expectativa. Depois o colocou sobre a mesinha mais próxima sem dizer palavra, apenas com um sorrisinho torto. Saiu antes que Charles viesse puxar papo. Tudo bem. O caçula não se importou. Ficou feliz pelo convite e isso bastava.

24 de julho de 2009

Personagens [contém spoilers]

A noite ontem era abafada. Sentia calor com minha blusa de lã enquanto atravessava o oposto da praça. Avistei uma amiga antiga. Ela também me viu e se levantou para vir me cumprimentar com um abraço mais apertado do que eu esperava. Falamos de há quanto tempo não nos víamos e falamos um pouco sobre as férias. Claro, chegamos ao assunto em comum: "Você viu Harry Potter?" Respondi que com a minha uma semana de atraso tinha visto, sim, e mesmo que todos tenham achado uma m..., eu queria ver de novo. Minha afeição por Rony me faz querer, afinal, o humor do filme ficou ótimo e graças a ele, principalmente. Eu só não usei essas palavras, mas é o que meu inconsciente me fala sempre, desde quarta.
Conversa vai, comversa vem, chegamos à morte de Dumbledore e ela comentou que seria horrível se Hagrid moresse. Ele é o preferido dela e eu já sabia disso. E faz todo o sentido. O Hagrid é o amigo leal e com um cachorro amável. O Hagrid tem, afinal, muitas características da minha amiga. E pensei de novo na minha afeição por Rony...
Quando vi, falávamos de Crepúsculo e toda a série. Eu ainda não li o último livro. Ela já. Então falamos até onde era permitido (odeio spoilers). E houvi dela o que já ouvi de muitas: "É ao mesmo tempo angustiante porque não existe um Edward de verdade." É, eu sei. Já senti isso, mas confesso que nunca me descabelei por Edward como muitas conhecidas minhas já fizeram. Por mais adorável que ele seja.
A verdade é que me afeiçoei muito com Jacob em Lua Nova, enquanto Edward não estava, e mais ainda em Eclipse. (Bom, não sei qual o motivo, mas nunca gostei muito do nome Jacob, então quando ele começou a ser chamado de Jake as coisas começaram a soar melhores. Mas não se trata de nomes...) O sentimento que Bella começou a alimentar por seu melhor amigo era uma sensação conhecida por mim e fiquei surpresa que ela só foi admitir que aquilo era algo maior do que amizade no fim de Eclipse. Eu já estava começando a achar que eu é que não sabia definir meus sentimentos...
Enfim, me apeguei a Jacob, enquanto todos os fãs morriam de raiva dele. Ué, cada um tem sua prefefência: Hagrid, Rony...
E ao longo de Eclipse esse triângulo amoroso, como dizem, foi se tornando mais nítido. Esse foi o livro da série que mais demorei a ler e não sei se é isso que me faz ficar relutante. Sabe, acabou. O próximo será o último. E bom, dessa vez, foi Jake quem foi embora. Por incível que pareça, isso doeu em mim. Eu sei que é ridículo, mas eu realmente me apego a pessoas que não existem e fiquei feliz quando descobri que, pelo menos, não sou a única insana que faz isso. Tudo bem que estou falando de garotas de 12 anos que se apaixonam por Nick Jonas ou Dougie Poynter (nada contra as bandas, gosto de ambas, é só um exemplo, porque eles são lindos e fofos e conheço garotas que caem por eles), mas pelo menos isso me consola um pouco. Não sou a única que se ilude para tornar a vida real um pouco menos chata. Além do mais, há pessoas que não precisam usar pessoas famosas, elas se iludem com seus própios companheiros, criando neles pessoas que não existem realmente.
É, eu acho que só precisava colocar isso para fora. Acabei o livro hoje e está tudo com gostinho de "quero mais". De qualquer maneira, em alguns dias isso passa. O desfecho da história está guardado em um embrulho de anjos e estrelinhas dentro de um guarda roupa, esperando para ser aberto em setembro, no próximo feriado. Parece um pouco desnaturado por parte de uma fã não devorar logo o próximo livro, mas infelizmente as responsabilidades começam a chamar e uma parte de mim inveja Bella por já ter concluído o ensino médio.

19 de julho de 2009

Uma tarde na França

Subimos a ladeira feito dois desvairados. Quando chegamos lá em cima, ele abriu a garrafa de água que levava dentro da mochila. Com certeza estava quente, mas como eu ansiava por ela! Era tudo o que eu queria depois de uma corrida daquela, sob aquele sol de quase fim de tarde: água.Ele tomou com uma boca ótima e ficou fazendo inveja propositalmente. Parti para cima dele e roubei-lhe a garrafa. Dei uma golada deliciosa e ele a tirou de minhas mãos.Ficamos brigando por meia garrafa de água quente no alto da subida, enquanto derramávamos quase tudo que havia dentro dela. Quando consegui recuperar a pobre garrafa, ele me pegou de costas pela cintura e começou a me girar. Eu gritei e foi simplesmente ótimo. Fui invadida por uma sensação de liberdade, como se pudesse voar, com meu pequeno prêmio na mão e ao lado da melhor pessoa do mundo.Quando ele me colocou de volta no chão, eu já estava com parte da blusa ensopada e resolvi usar o que restou de água para jogar no rosto dele. Ele fechou os olhos quando percebeu a água voando em sua direção. Quando os abriu, gotinhas de água pingavam das pontas de seu cabelo ruivo e ele sorriu para mim.

16 de julho de 2009

Parece que vai chover
(...)
Minhas mãos ainda têm o cheiro
da última coisa que comi (eu sei que isso não é nada poético...)
E ninguém sai na varanda domingo
à tarde
(...)
Dezembro vai voar
Na verdade, já está.
E o próximo ano vai chegar...
Mais um
Eu ainda estou com as minhas músicas velhas
Que ainda gosto
Que estão sempre comigo
e das quais eu conheço cada tom,
cada toque na tecla do piano.
Vou buscar novas
vou buscar também a liberdade
Nesses momentos em que eu queria
tê-la e não posso
Eu só queria ter a resposta
Até quando eu vou ter
que agüentar isso
Pessoas enfiadas à força na minha vida,
no meu espaço.
(...)
Sabe aonde a chuva vai?
Peça para ela vir aqui me lavar
e salvar meu Natal

Trecho de anotações em 21 de dezembro de 2008
em um quarto de hotel em Juiz de Fora

12 de julho de 2009

Punhado de Coisas

Seria egoísta se simplesmente postasse uma citação de Agatha Christie e não dissesse nada sobre outros acontecimentos em minha vida além da leitura de um livro. Sabe, mesmo que a morte de Michael Jackson não afete diretamente a minha vida, eu não poderia deixar de citá-la, mesmo que com um atraso tão grande como esse.

É um acontecimento importante - mesmo que triste. É marcante porque não havia uma pessoa no mundo que não soubesse quem era Michael Jackson e naquele dia ele se foi. Será que isso significa que com o tempo seu nome não vai ser mais tão reconhecido assim? A dizer pelas últimas vendas eu acho que não tão cedo, mas enfim... Até eu, que não era muito fã de pop, senti sua morte. Como sinto a morte de qualquer um? Sim, e também por ser uma pessoa importante, reconhecida, famosa, que se foi. Eu vivi um momento importante da história. Da história de um grande homem.

Outro assunto que eu acho importante abordar é a busca dos nossos desejos. Recentemente assisti a um filme que já haviam me indicado há tempos: "Antes de partir". E ele me fez pensar numa coisa que às vezes me vêm a cabeça: por que temos que esperar nossa vida estar com dias contados para poder, só então, dar valor à ela e ir atrás de nossos anseios? Sabe, na teoria, quem busca felicidade, deveria fazer qualquer coisa por ela, mesmo que seja a atitude mais louca do mundo. Acho que até já escrevi isso aqui... E, curioso foi que, depois de falar sobre isso com uma pessoa, meu celular tocou. Era uma colega me perguntando se eu ia à uma festa sobre a qual ela tinha comentado há um tempo. Eu tinha me esquecido dessa festa. E sabe, mesmo que o comodismo me forçasse a ficar em casa lendo meu livro ou navegando pela internet, achei melhor ir. Mesmo que não estivesse exatamente animada para isso. Afinal, eu não tenho nada a perder. Ah, e ao pensar com essas palavras, uma onda de lucidez veio a minha cabeça: É verdade, eu não tenho nada a perder. Parece estúpido, mas como uma conclusão tão simples e óbvia foi útil num momento como esse, pelo menos para uma pessoa como eu nesse momento da minha vida. Vou me lembrar desse pensamento sempre que sentir o comodismo me rondando. É um bom antídoto para ele. :)


Bem, quanto à citação que eu disse no início:

" A primeira pergunta que se faz a um escritor, pessoalmente ou pelo correio, é:
- Aonde o senhor vai buscar suas idéias?
É muito grande a tentação de responder assim: - "Sempre vou à Sears", ou "A maior parte eu consigo nos armazéns da Marinha e do Exército", ou, energicamente - "Por que não tenta um supermercado?".
A opinião universal parece acreditar firmemente na existência de uma fonte mágica de idéias que os escritores aprenderam a utilizar.
Na pior das hipóteses, podemos enviar os perguntadores de volta aos tempos elizabetanos, com esta saída de Shakespeare:


Diga-me onde nasce a fantasia,
Se é no coração ou na cabeça,
Como se origina, como se alimenta?
Responda, responda.


A pessoa só pode dizer com firmeza:
- Na minha própria cabeça.
Isto, é claro, não vai ajudar ninguém. Se você gostou da cara de quem lhe está fazendo a pergunta, vai um pouco mais longe.
- Se você se sentiu atraído por alguma idéia em particular e acha que pode fazer alguma a partir dali, você a vira pelo avesso, faz travessuras com ela, abranda-a e, gradualmente, lhe dá uma forma. Então, é lógico, precisa começar a escrevê-la. Não é tão fácil quanto você está pensando: - torna-se um trabalho duro. Outra alternativa é arquivá-la cuidadosamente numa gaveta, para talvez usá-la dentro de um ano ou dois.
Uma segunda pergunta - ou quase uma afirmação - é então a mais provável:
- Eu creio que a senhora tira suas personagens da vida real.
A resposta é uma negativa indignada para tão monstruosa sugestão.
- Não, é claro que não! Eu as invento. Eles são meus. Têm de ser as minhas personagens - fazendo o que eu quero que eles façam, sendo o que eu quero que eles sejam - tornando-se vivos para mim, tendo às vezes as suas próprias idéias, apenas porque eu as tornei reais.
Em resumo, o autor produz as suas próprias idéias e as suas personagens. Mas aparece agora uma terceira necessidade - o ambiente. As duas primeiras vêm de fontes internas mas a terceira vem de fora, precisa estar lá, à espera,existindo realmente. Você não o inventa - ele está ali - é real.
Talvez você tenha chegado de um passeio pelo Nilo, lembra-se de tudo - exatamente o cenário de que necessita para esta história particular. Fez uma refeição num café em Chelsea. Havia uma briga por perto - uma garota puxou o cabelo de uma outra. Excelente princípio para o próximo livro que vai começar. Você viajou pelo Orient Express. Que divertido fazer dele o cenário para a próxima trama que está imaginando! Você vai tomar chá com uma amiga. Quando chega lá, o irmão dela fecha um livro que está lendo, joga-o de lado e diz: - "Não é mau, mas por que diabos não perguntaram ao Evans?".
Imediatamente você decide que vai escrever um livro com este título - "Por que não perguntaram ao Evans?".
Você ainda não sabe quem vai ser o Evans. Não tem importância. Evans aparecerá quando chegar a hora - é o título que está pronto.
Logo, você não inventa os ambientes. Eles estão à sua volta, em torno de você, existem - você tem apenas de estender a mão, apanhá-los e escolher. Um trem de ferro, um hospital, um hotel de Londres, uma praia do Caribe, uma cidadezinha do interior, uma festa, uma escola de meninas.
Apenas uma coisa conta - eles precisam estar ali - na realidade. Pessoas verdadeiras, lugares verdadeiros. Um local bem definido no tempo e no espaço. É preciso ser aqui e ser agora - senão como você vai conseguir saber de tudo? A não ser pela própria evidência de seus olhos e seus ouvidos? A resposta é assustadoramente simples.
É o que a imprensa lhe dá todos os dias, em seu jornal matutino sob o nome geral de '"Notícias". Pegue as da primeira página. Que está acontecendo no mundo de hoje? Que é que cada um está dizendo, pensando, fazendo? Levante um espelho e veja a Inglaterra em 1970.
Olhe para as manchetes todos os dias durante um mês, tome notas, considere-as e classifique-as.
Todos os dias há um crime.
Uma moça estrangulada.
Uma mulher idosa atacada e roubada em suas magras economias.
Rapazes e meninos - atacando ou sendo atacados.
Edifícios e cabinas telefônicas arrebentadas e estripadas.
Contrabando de drogas.
Crianças desaparecidas e corpos de crianças assassinadas encontrados perto das casas onde moravam.
Isto pode ser a Inglaterra? A Inglaterra é realmente assim? A gente sente - não - ainda não, mas pode ser assim.
O terror está despertando - o terror do que pode vir a acontecer. Não somente por causa dos acontecimentos atuais, mas também pelas possíveis causas que estão por detrás deles. Algumas você conhece, outras não, mas sente. E não apenas em nosso próprio país. Há pequenos parágrafos em outras páginas - trazendo notícias da Europa, da Ásia das Américas - notícias de todo o mundo.
Seqüestro de aviões.
Raptos.
Violência.
Desordens.
Ódio.
Anarquia.- cada vez maior.
Tudo parece levar-nos a adorar a destruição, a ter prazer na crueldade.
Que significa tudo isso? Uma frase do passado ecoa, falando da Vida:

... é uma lenda
Contada por um idiota, cheia de sons e de fúria,
Que não significa nada.


E, no entanto, você sabe - por seus próprios conhecimentos - quanta bondade existe ainda no mundo de hoje: as generosidades feitas, a bondade de um coração, os atos de compaixão, a ajuda entre vizinhos, as boas ações de meninos e meninas.
Então, por que esta fantástica atmosfera dos fatos cotidianos - das coisas que acontecem - e que são os fatos verdadeiros?
Para se escrever uma história neste ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1970, você precisa estar enfronhada em seu ambiente. Se o ambiente é fantástico, então a história precisa aceitar o seu cenário. Precisa, igualmente, ser uma fantasia - uma extravagância. A montagem precisa incluir os fatos fantásticos da vida de hoje.
Consideremos uma causa extravagante? Uma campanha secreta para tomar o Poder? Poderia um desejo maníaco de destruição criar um mundo novo? Alguém poderia dar um passo à frente e sugerir uma libertação por meios absurdos?
Nada é impossível, a ciência já nos ensinou isso.
Esta história, em sua essência, é uma fantasia. Não pretende ser nada mais do que isto.
Mas a maior parte das coisas que acontecem nela estão acontecendo ou prometendo que irão acontecer no mundo de hoje.
Não é uma história impossível - é apenas uma história fantástica."

Agatha Christie

Essa é a "Fala da autora" no início de Passageiro para Frankfurt. Francamente, não é o melhor livro dela que eu já li, mas é interessante ver o que algumas pessoas falam dele: tratam-no como o destamento de Agatha - ela já estava em uma idade avançada quando o escreveu - e como a visão que ela tinha daquele "mundo que não entendia". Olhando por esse ângulo dá para entender melhor. E sabe, dá para saber claramente que ela era uma mulher informada, lendo os jornais todos os dias. Se eu fosse uma boa menina, faria o mesmo...

Enfim, quanto ao discurso, só o coloquei porque me identifiquei muito com o começo e sempre quis ter a aportunidade de questionar algum autor(a) sobre sua obra. E, bom, mesmo que o texto pareça meio "viajado" para alguns da metade para frente, ele começa a fazer sentido quando se chega ao final do Livro I de Passageiro para Frankfurt. Outro motivo para colocar o "testamento" inteiro é a coesão. Realmente gostei da maneira como ela ligou idéias tão distintas. Bom, já era de se esperar, afinal, estamos falando de Agatha Christie.

8 de julho de 2009

Epitáfio

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

7 de julho de 2009

[sem título - uma quinta qualquer]

(Eu sei que é terça-feira)

Hoje era para ter sido um dia dinâmico, desestressante, para matar a saudade, sabe? Bom, não posso dizer mais que isso. Aliás, disse que não falaria mais disso aqui...
Sei que faz séculos que não apareço por aqui, mas é a falta de inspiração. Minha vida tem estado estagnada, mas vou mudar isso. Cansei de ser a espectadora da minha própria vida. Eu busco felicidade e o que eu preciso é vivência, e sei disso. (Pelo menos alguma coisa das tantas que eu penso que sei é verdadeira.) Bom, e se sei, o melhor a fazer é agir. Na teoria, como eu disse ontem, devíamos fazer qualquer coisa pela felicidade, o que inclui as coisas mais loucas e arriscadas do mundo. Eu realmente não entendo pra quê serve a razão...
Ser criança é tão mais simples...