26 de dezembro de 2010

2010


Chegou, então, a esperada hora de dar OK na lista de resoluções passadas. A Lila acaba de me dar uma lambida para encorajar e lá vamos nós:

• Ir à Europa...

É, não foi dessa vez. Em compensação conheci lugares igualmente bonitos para mim, ou pelo menos com beleza distinta demais para se comparar. Mas tão belo, nunca imaginei que veria o mar dessa forma, e depois quereria rever, e rever, rever... É tudo aquilo que faz entender os poetas, perder o fôlego, afundar os pés na areia, e ingeri-la um pouco também...

• Passar no vestibular...  (em espera)

Bom, os resultados ainda não chegaram. Mas eu espero sinceramente que possa dar um OK bem grande nessa resolução.

• Me mudar ou ganhar na loteria pra reformar a casa... OK

Olha, confesso que queria dar um OK bem grande principalmente na parte “ganhar na loteria”, mas isso ainda não aconteceu, então... Mas reformamos a casa no início do ano, pelo menos alguns cômodos, e isso foi muito bom. Foi até divertido e tenho lembranças interessantes.

• Dar mais atenção á Lila, sair mais para passear com ela... OK

Sabe aquela pessoa que ama animais, mas na correria do dia a dia não pode paparicá-los muito? Essa sou eu, e esse ano em especial eu sabia que ia ser difícil conciliar lazer e estudos sob a pressão danada que aquele colégio fazia + minha própria pressão + pais... Mas saímos mais por aí, e ela se mostrou inesperadamente comportada com o Luiz (traidora...).

• Estudar menos e melhorar minhas notas...

Parece meio contraditório, mas eu tinha pensado na questão relaxar e revelar o gênio que há em você. Definitivamente não funcionou, por garantia estudei desvairadamente este ano.

• Melhorar meu francês, continuar praticando inglês e todas essas coisas relacionadas a idiomas que eu quero falar fluentemente...

Fracasso, falta de tempo e mais nada a declarar...

• Manter minhas amizades e contatos, mesmo com aquelas pessoas não muito próximas... OK

Esse negócio de demorar a confiar e ser bem acomodada nunca me rendeu relações muito profundas e fico feliz que este ano tenha saído de um grupo restrito para um menos restrito de amigos, que me proporcionaram lembranças ótimas que levarei sempre comigo, junto com as saudades que ficam. Esse foi um ano pra ficar na memória, apesar de todas as adversidades, conheci pessoas ótimas que fizeram de momentos chatos os mais engraçados possíveis.

• Doar meus brinquedos antigos, roupas... OK

Tudo o que eu não uso mais, essas coisas inúteis que vão ocupando espaço no armário. Não fiz o trabalho completo, mas boa parte. Espero me livrar de tudo até março do ano que vem e fazer feliz pessoas que realmente precisam dessas coisas.

• Escrever uma história...

Bom, escrever eu escrevi, vários fragmentos, coisas desconexas, então, é, eu não escrevi uma história. Mas mudei meu ponto de vista em algumas coisas que dizem respeito à literatura. Acho que o que realmente importa não é escrever para dizer que está escrito, é escrever para colocar para fora o que importa. O que eu queria era alguma coisa com seqüência lógica, mas estou descobrindo que lógica não é comigo...

• Aprender a cozinhar... OK

Esse foi um grande passo. Não, não sou uma cozinheira de mão cheia, mas aprendi a me virar com algumas coisas consideradas básicas e aprendi a fazer o que é esperado de mim: pão de queijo! Queria parar por ai, mas as circunstancias me forçaram a ir além; não muito além, ainda bem.

• Exercitar-me...  OK

Tópico tenso esse. Digamos que eu ainda continuei caminhando por aí vez ou outra como pessoa independente de academias. Acho que esse é um tópico que merece ok porque milagrosamente andei emagrecendo apesar das bobagens ingeridas, mas, gostaria de deixar bem claro à minha preguiça que ano que vem o exercício é pesado mesmo. Só as voltas no lago da faculdade são um bom exemplo...

• Ousar... OK

Fazer aquelas coisas malucas, meio sem pensar. Nunca colocaria algo radical, como asa deltas e similares, porque eu sei que nunca faria, mas talvez simples coisas. Acho que esse ano eu tive uma bela mostra desse comportamento mais impulsivo. O inesperado acabou me trazendo tudo o que eu não esperava neste ano e acho que tudo o que eu mais precisava. Começou com o blog, twitter, MSN... Ir ao encontro de quem já se conhece, isso para mim foi uma forma de ousar que eu nunca esquecerei, nenhum dos dias que se seguiram, que se seguem...



E talvez as palavras não sirvam para expressar o resto, mas a verdade é que, com seus altos e baixos esse foi um ano e tanto, marcante na memória e no coração. Novidades, formatura, vestibulares, passeios... 2011 será um ano de colher o que plantei agora (momento agricultura), e espero que os frutos sejam os melhores.

Feliz Ano Novo a todos!

24 de dezembro de 2010

Natal Infernal

O que eu preciso não são exatamente idéias, é tempo. Mães não deixam de ser mulheres, e esse foi o mau da minha mãe. O mundo parou quando nasci, ela esperou pelo pai por anos... Eu não queria presenciar essa melancolia, ter esse clima tenso que pesa minha cabeça, mas é essa verdade: o ânimo aqui é zero. A parte mais indesejada da família se convida para o Natal e a hipocrisia faz com que a gente finja que está tudo bem, mas não, essa não é a verdade. Antes algumas verdades tivessem sido ditas e a mágoa fosse grande na hora do que ter que chegar até aqui e engolir sapos, e eu inerte. Sem palpites ferinos a dar porque tenho dó, porque minha mãe é alguém que se sacrifica tanto pelos outros e eu nem sei como dizer a ela que esse é o pior caminho a se seguir.
Ela tem várias dores que só dizem respeito a ela, mas eu as tomo, mesmo assim, mesmo sem a intenção. Não aceito sem dor e alguma atitude ver alguém que eu amo sofrer. E no fim das contas é isso: família e complexidade. Não é fácil nos manter unidos por laços de obrigação com pessoas com as quais não temos afinidade. Também não deve ser fácil querer criar esses laços e não ser correspondida, como aconteceu com ela. Seria muito mais fácil se tudo fosse visto de forma mais simples e verdadeira, sem que tentássemos mascarar sentimentos para fingir uma boa convivência.
Toda a chamada “magia do Natal” que eu pude quase respirar ontem pela manhã se foi. Não resta nada hoje, apenas um dia estranho e amorfo, opaco, abafado, inerte. O dia é tudo isso, eu sou tudo isso, nós somos tudo isso: esse nada que espera, espera, espera...


Apesar de muitas famílias enfrentarem problemas parecidos (e mesmo para as que não enfrentam), eu desejo um Feliz Natal a todos, repleto de sinceridade, esperança e felicidade. Porque mesmo que para cada pessoa esta data tenha um significado diferente, somos movidos por sentimentos e se não houver verdade neles acho que todo o resto perde o propósito...

15 de dezembro de 2010

Tudo a estibordo!!

Estou cansado. Não tem outra palavra melhor para descrever como estou nesse momento... Minha mente está exausta, o corpo pede por dias mais frios e eu estou com uma coisa entalada na garganta que ainda não deu pra gritar, porque eu ainda não sei o que é...
Todo fim de ano é assim, os dias que antecedem o Natal são os piores... não vejo a hora de ir pra casa no feriado e rever meus amigos e familiares. Parece que tudo vai melhorar quando o feriado chegar, mas ele não chega... e eu continuo me cansando cada dia um pouco. Tic, tac, tic, tac... O relógio não anda!
O ano foi bom, mas dei graças a Deus por ter passado tão rápido e eu espero que 2011 seja ainda mais rápido. A cidade tem me consumido... a distancia também... Minhas idéias não colocadas em prática estão sendo cada vez mais sacrificadas pela vontade de simplificar as coisas ao máximo, para não ter problemas com o passar dos dias, que demoram.
Se eu me ausentar do blog por um tempo, é por falta de sanidade mental. Mas depois de algum repouso eu volto! 
Abraço a todos e boas festas!

4 de dezembro de 2010

Paris mais uma vez

Fim de tarde, Paris mais uma vez.
- Lembra da última vez em que estivemos aqui? - ele perguntou.
- O que eu vinho não apagou eu consigo lembrar.
Estávamos sentados à mesa de um café, do lado de fora, olhando a cidade, vendo surgir as primeiras luzes.
Aquele momento para mim pareceu tão especial e perfeito para registrar. Peguei a câmera.
- O que vai fazer?
- Só algumas fotos, vão ficar perfeitas.
- O resto do pessoal não está aqui.
- Você é o vocalista.
- Nós somos um grupo. Voltaremos amanhã para você fotografar todos nós, que tal?
Fotografei meu pianista mesmo assim, de perfil, de cara contrariada, tomando café, uma de nós dois (essa iria para o meu acervo pessoal).
- Acho legal da sua parte não se achar mais importante do que ninguém na banda - comentei, e acrescentei brincando: - mesmo sabendo que sem você ela não seria nada.
- Eu acho que, na verdade, eu que não seria nada sem a banda, sem o talento e determinação dos garotos. E sem uma boa fotógrafa.
Fomos para casa pouco tempo depois, ele queria trocar umas idéias antes que os rapazes chegassem.
- Eu tenho a melodia e algumas frases, mas preciso de uma história - ele disse.
Olhei aqueles rascunhos. O que era relativo a notas musicais eu quase não podia entender, mas olhava tudo minuciosamente mesmo assim. Cada música era um pedaço de sua alma que se abria e eu tinha um daqueles pedaços na mão.
- É uma desilusão? - quis saber.
- Pode ser. Não é esse o motor que movem os poetas?
- É, ironicamente é, sim.


Eu preciso de mais do que você tem
E menos do que eu sou
Tão dependente de você
Das linhas que você traça
Queria a certeza de que esse é um caminho
Que eu não sigo sozinho
Queria a certeza de que ao final
Teria você só pra mim 
E que nada teria sido em vão
Ler sua mente, ter seu coração por inteiro
E poder garantir pra mim mesmo
Que esse não é mais um passo 
Para a loucura 
A menos que seja aquela 
Com a qual estou habituado
E que no final sempre me traz você
Queria ser mais do que um enfeite na sua estante
Mais do que uma pessoa comum
Não te vejo como antes 
É apenas comigo?
Você sabe como é
Estar cercado por pessoas e se sentir
Sozinho, completamente sozinho e vazio?
Onde habita a esperança?
Qual a receita pra ser feliz?
Onde terá ido a confiança
Tão certa quanto o sol depois da tempestade
Eu preciso de mais do que você tem
E menos do que eu sou agora
Pois eu sei que, no fundo 
Estou errado

- Vamos trabalhar juntos nisso - eu disse me perguntando o que se passava na cabeça do pianista.