17 de outubro de 2009

Conto de fadas [spoilers(?)]


Sempre foi um conto de fadas. Embora muito levasse a crer num terror, era mesmo um conto de fadas, com todos felizes para sempre. E engraçado que o fim não parece bem o fim. Ao mesmo tempo que é definitivo, parece cercado de acontecimentos tão casuais que poderiam muito bem gerar uma continuidade.

A tarde em que passei lendo uma parte não poderia ser mais apropriada. Céu cinza-arroxeado pós-chuva contrastando com o solzinho fraco que surgia, tudo observado através do vidro da janela azul fechada, daquele quarto onde já li tempos passados, quando a aventura era diferente. O tempo parecia não correr, parado em um horário indeterminado que parecia sempre quatro e alguma coisa da tarde.

Não há muito mais o que dizer. Despedir-me de Crepúsculo foi anciedade pura, esperando pelo filme iminente. O romance perfeito, que me deixou numa atmosfera em que nada, nada alcançava tamanha perfeição. Lua Nova teve um fim ausente, como a própria lua no céu, e deixou no ar algo bem parecido com o pôster que criaram para o filme. Um triângulo amoroso feroz, instável. Não gostei de Jake sair machucado. Eclipse teve um fim doloroso. Foi um livro para esse meu personagem preferido, que partiu no fim, deixando-me magoada sem saber do seu futuro incerto. Segundo e terceiro livro são como um, visto inclusive que Lua Nova teve um fim de efeito quase nulo sobre mim, talves por isso, por achar que as histórias podem muito bem se unir. Já Amanhecer mostrou-se totalmente afastado do resto da história, um caminho bruscamente diferente tomado. Raiva foi um efeito latente que produziu em mim a partir de um certo momento. Apaziguada depois, mas não esquecida. Só não mais latente.

É como se tudo que foi começado perfeitamente tivesse tomado rumos difusos e o esperado fim brilhante não tivesse vindo. Talvez isso tenha feito a separação, o fim, menos doloroso, mas acho que ainda preferiria uma obra-prima. De qualquer maneira, também tenho meus agradecimentos a fazer. Agradeço pelos momentos de êxtase, pela escrita gostosa de ler - inegável que é uma escritora talentosa, apesar de tudo - e por ter me mostrado, de alguma maneira, que estou no caminho certo.

15 de outubro de 2009

Tarde de chuva silenciosa

Antes que escureça...
“A imaginação da pequena vila no interior da França, o aroma de molho na cozinha, a monotonia da vida virtual, lágrimas silenciosas no interior de uma sala semi-iluminada, o tráfego do alto de um prédio...”

Eu vi um filminho legal hoje. Pelo menos você não corre o risco de passar filme de ação na semana das crianças. Não foi ontem que passou Bambi?...
Bom, eu vi o filme de hoje, mais ou menos do meio pra frente. Até me apavorei. Só porque hoje comecei um diário virtual me passa um filme em que o diário de uma garota é publicado por acidente. OK, ela acabou virando uma celebridade, o que foi bom em certos aspectos. Sempre os mesmo problemas, a fama faz você perder os amigos, ganhar uns falsos, conquistar o garoto perfeito (ou pelo menos o que você achava que era perfeito...). Aquele amigo dela, o Connor, não tinha uma carinha de Rupert Grint? (A garota aqui é viciada no ruivo...) Assim, só um pouquinho, quando ele fazia aquela carinha de decepção?
Voltando à Terra, esses filminhos de Sessão da Tarde distraem bem a gente numa tarde de chuva silenciosa. E diários são legais. Eu gosto de escrever diários. Nos últimos tempos comecei vários, mas privacidade sempre foi algo difícil pra mim, já que tem sempre alguém vasculhando as minhas coisas, querendo descobrir sempre as entrelinhas, não vendo que, o que está num diário, é porque eu não quero dividir com ninguém. Cheguei a inventar um alfabeto (coisa de criancinhas, não?). Mas até que foi legal. Ele é super-prático. Mas não me sentia expressar completamente.
Mesmo que digitar não tenha a mesma mágica de escrever, é mais rápido e, digamos que se adéqua mais aos tempos modernos. Vamos ver se esse diário virtual dá certo. É que geralmente acaba não funcionando muito bem, sei lá por que.
Eu encontrei o pianista ontem. Foi tão casual. Tão do nada. É estranho escrever sem paixão. Mas as coisas saem também. E saem bem. Mais do que bem até. O estranho foi que, ao invés de criar uma atmosfera para “fugir” da vida real, da dor ou do abandono, que já não aparecem por um bom tempo, eu criei um ar que projetava o meu ambiente real. E tive hoje a mesma intenção. Colocar minha vida no livro, ao invés de idealizar e viver naquelas páginas tudo o que eu sonho? Colocar essa minha vidinha em teclas de marfim, nas páginas coloridas? É, a minha vida. I like to be who I am.

12 de outubro de 2009

Criança interior


"Você não vai me dar parabéns?", eu perguntei ao meu pai.
"Ah, parabéns... É, parabéns! Apesar de você não ser mais criança."
"Mas todos temos uma criança interior..." (lugar-comum mais batido que tudo)
"Temos, mas ela vai se adultando."
Será? Quer dizer, "todos temos uma criança interior" pode ser batido, mas não usado tanto à toa. E se a criança fosse crescendo, não seria mais criança. O que eu penso que acontece é que nós a oprimimos, achando que temos sempre a razão, afinal somos mais velhos e responsáveis, temos um compromisso com a sociedade, enquanto a criança, bem, é só criança. É como a reação de não ouvir o seu irmão caçula quando ele dá um conselho.
Mas a criança está lá, sempre está, e às vezes a deixamos escapulir, quando fazemos uma piada inapropriada e tola, mas engraçadíssima, quando brigamos pelo controle remoto, quando dá vontade de brincar no parquinho, e nós realmente vamos (escorregador não é o máximo?), quando choramos e "chutamos o pau da barraca" porque não conseguimos; depois a gente vai e tenta de novo. Quando não paramos de fazer perguntas irritantes, mesmo que tenhamos percebido que chegamos ao limite de paciência do outro; quando topamos uma guerra de comida, rebolamos no meio da rua e cantamos sem nos importar, querendo apenas ser feliz! Yeahh, já reparou que a criança vem nos salvar quando estamos estagnando na nossa rotina adulta e chata? Nós, os adultos responsáveis (demais), comprometidos com a sociedade (demais), os adultos donos da razão.
Por isso, apenas por isso, e por tudo isso, é que devemos deixar o pirralho interior respirar de vez em quando, pois são as crianças que vão atrás das coisas mais essenciais e banais da vida sem medo: felicidade, amor e... doces.



Parabéns a todos que são (ou têm em si) crianças!

9 de outubro de 2009

Aonde acasos nos levam...

Ler ouvindo: Send Me On My Way - Rusted Root

Tinha tudo para ser uma navegação inútil na internet, até que... Fuça daqui, fuça dali, procurando coisas banais como receita de maçã assada, do que falam os filmes A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha... Onde fica Bornem, sede da Kipling? Vale muito à pena googlar depois. As fotos são lindas! E, bem, foi aí que eu acabei achando um blog muito interessante falando porque a marca tem esse nome. Acabei lendo outros posts e descobri algo apaixonante!

Moleskine é um caderno que possui uma capa de um couro chamado moleskin e um elástico que o envolve . As folhas são de papel italiano sem cloro. Ele possui um bolso interno para guardar, tickets, cartões, etc. Exitem de todos os tipos e para todos os gostos.


Há! Já vi vários desses em filmes sem saber o que era, pensando que fosse um simples diário, agenda, qualquer coisa do gênero. O que me fez postar sobre? Descobrir que Amélie Poulain tinha um. Esse eu nunca tinha reparado, e como achei o filme encantador, tive que postar. Além do que, a cada minuto esse minúsculo caderninho foi me catiando (pesquisei a fundo sobre ele, hein). É que frequentemente eu tenho necessidade de escrever e tenhos pilhas de caderninhos. Uns carrego, outros não. Escrevo de tudo neles, até faço meus rabiscos (não, aquilo não pode ser chamado de desenho...). Acabei me identificando, descobrindo que faço meus próprios moleskines improvisados.


Sem falar que inspira pra caramba saber que caras como Van Gogh, Picasso, André Breton, Bruce Chatwin (o cara que deu fama ao moleskine), entre outros, tiveram moleskines e depositavam neles seus pensamentos de alguma forma.
Aí, você pensa, uau! Quer dizer que eu tenho algo em comum com esses caras?? Pois é...



Claro que dá vontade der ter um de verdade, um "original". Mas no Brasil é um pouco difícil. Fiquei sabendo que criaram uma versão nacional ecológica, o Moleco (moleskine ecológico). Boa pedida também. Mas de qualquer maneira, acho que o mais importante é captar a essência do que registrar coisas em um moleskine. Expressar-se, relaxar... Um significado para cada pessoa.



Maaas, se alguém ver algum moleskine a venda por aí, me avise!

Para saber mais (e babar), vale a pena visitar:

7 de outubro de 2009

Quase

Luiz Fernando Veríssimo

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance; para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que lanejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

3 de outubro de 2009

Qualquer coisa

Ler ouvindo: Segredos - Frejat

Qualquer coisa
Me diga qualquer coisa
que substitua o vazio das palavras sem vida
Dos olhares distantes
Do calor morto que a cidade traz.
Qualquer coisa que traga o vento das mudanças
para as nossas vidas
Una os caminhos e
deixe para a trás a decepção dos sonhos quebrados
Qualquer loucura, atitude insana
que tire a neve de sobre as árvores
Que faça as flores renascerem
com cores e e perfumes inéditos.
Algo que traga bombons recheados de essência de vida,
cremes de avelã e saliva de beijos acalantados.
Qualquer coisa que faça a nossa vida parecer uma música
feita dos melhores acordes e timbres de voz.
Que possamos brincar e correr pelos campos quentes em tardes de verão
e nos aquecer em chalés nos crepúsculos do inverno.
Qualquer coisa que seja mais do que a poesia forçada,
do que a fala ensaiada, do que o sorriso sem valores.
Qualquer coisa maior que apenas frases soltas
e que me faça acreditar inegavelmente em algo
que podemos construir juntos.


Depois do inútil post passado (a única parte que presta é a do filme), não sabia sobre o que falar, então resolvi escrever Qualquer coisa.