27 de fevereiro de 2011

Vida de Caloura

Escuto o CD que sei de cor. Cada letra, cada nota. The Fray costumava ser minha banda preferida quando, bem, na adolescência. Agora eu sou o quê? Bom, hoje eu sou adulta. Foi mais ou menos o que eu disse a mim mesma em viagem de volta para casa, depois da primeira semana de faculdade. E era com profunda nostalgia que eu apreciava aquelas canções. Ainda aprecio. Às vezes boas lembranças me tomam, sonhos bobos. Outras vezes tudo que eu sinto é saudade, vontade de ter esses mesmos sonhos de volta. 
É que dá medo. Vou à faculdade, tenho meu próprio quarto, vou ao supermercado, tenho horários para seguir, fico na fila para pagar o almoço, administro o dinheiro, há responsabilidades e escolhas que afetam de forma mais direta a minha vida. Agora acho que posso dizer "vida profissional". Ser adulta. Independente da idade, e sim de acordo com a maturidade. Gostei disso. Mas às vezes, só às vezes, quando eu paro para alguma (maldita) reflexão, noto que tenho medo. Não sei se estou preparada para certas coisas. 
Algumas escolhas pesam e não existe ninguém mais que possa tomá-las por mim. Pressão definitivamente é uma coisa que eu não gosto e eu com certeza sou a pessoa que mais me pressiona, mais me cobra. Apesar de tudo, gosto de estar ocupada.
Pode parecer contraditório ao mesmo tempo que faz sentido, mas é verdade. Fui a São João Del Rei em busca de saúde mental. Claro que o curso de psicologia ajuda justamente nisso, mas meus motivos vão além. Concetrada em outras coisas que não sejam minhas próprias reflexões não tenho tempo para pensar bobagens, idéias que atormentam quando se está sem o que fazer, ou seja, férias. 
Ninguém pareceu entender o porquê da coisa. Tenho mais algumas semanas de folga (tinha, na verdade). Não pretendo ir para a UFSJ, mas a falta do que fazer era grande, e como as aulas lá começam antes, fui assistir à primeira semana de aula antes de desistir da minha vaga.
E foi bom. Fiz novas amizades, todos são muito simpáticos, nem precisei fugir do trote, que não foi essa semana. Vou sentir saudades das meninas da pensão, do pessoal da sala, da cidade. Um lugar muito gostoso, com todas aquelas construções antigas, jeito de cidade pequena. 
Numa certa tarde saí para tomar sorvete, andando despreocupadamente pelas ruas, observando tudo, sem me preocupar em manter a bolsa grudada ao corpo. Ninguém ia me assaltar ali. Tomei um suco natural, andei mais um pouco de bobeira. Passei na padaria e atendente teve muita paciência enquanto eu perguntava o recheio de cada coisa no balcão. Posso contar as moedas sem pressa e me livrar delas. Aconchego, despreocupação. "Quanto menor a casinha, mais sincero o bom dia." Eu sei que nunca farei essas coisas nas cidades maiores onde eu quero morar, enntão aproveitei. 
Com certeza essa é mais uma das coisas da qual sentirei saudade e lembrarei com vontade de voltar no tempo.

Olho o céu em preto e branco
Fragmentos da lâmpada quebrada
Brisa fresca da cidade
Prédios, música
Companhia faz falta
Comunicação é tudo que a gente busca
Só quero fugir das minhas idéias
Não lembrar que tenho de conviver comigo mesma
Nesse mundo que gira sem parar
Não preciso decepcionar
Nem agradar
O chocolate ferve na panela
Essência se esparrama
Pelo ventos que uivam
Pelo violão que toca ao fundo
Pela voz que ecoa
Há um mundo todo dentro de mim
Há mil coisas que podem ser
Quero que seja só sentimento