2 de maio de 2010

Textos antigos, mês novo, fofoca fresca!

Primeiro eu queria falar do post. A falta de criatividade bate à porta no momento e encontrei um texto que escrevi há tempos. Eestranho como nossa visão sobre algumas coisas muda. Nunca me pareceu tão doce aqueles dois juntos. Tudo tão claro aqui dentro com as luzes acesas e o céu liláz-acinzentado lá fora. E então ligo a música para ler, e ela parece perfeita. Ela é perfeita. É a música dos dois. Green eyes. Uma declaração dele para ela, pois tudo se encaixa. Eles eram apenas duas almas livres viajando sobre uma moto por aí...
Mas antes quero de falar também uma coisa que deve ser de interesse público. Ou seja, uma fofoca! Amanhã é aniversário de um dos meus "funcionários". São tantos que eu quase me esqueci... Mas falando sério, é amanhã sim, o aniversário daquele meio desregulado que começou a escrever aqui no blog há algum tempo. Ok, "desregulado" é meio pesado, afinal, me divirto com muito do que ele escreve, e o que não diverte ensina. Sim, esse rapaz ainda consegue ser cultura! Queria já desejar os parabéns antecipadamente e dizer que apesar de tudo (dos atrasos para postar, dos "x" das palavras que na verdade são com "s", das indiretas para aumento de salário, etc, etc, etc) é muito bom tê-lo aqui trazendo um pouco de cultura para o blog! E também é bom ter um amigo que 'escuta ' as bobagens que às vezes me escapam, que faz rir e perder a paciência de vez em quando, claro. Por isso, amanhã é um dia para comemorar. Nada de mau humor, hein? Se você mesmo não vê uma razão para isso (que eu penso mais ser uma desculpa por preocupação com os cabelos brancos), seus amigos vêem um monte!
Feliz aniversário, Luiz!

[Continuação de Uma tarde na França]

Nem sei como conseguimos descer para o jantar no saguão do hotel. Eu, pelo menos, estava um caco. Mas comer foi ótimo. Tinha fome, mesmo que o cansaço não deixasse com que eu percebesse isso.



- Me passa o molho - ele pediu.



Olhei para ele com uma cara de "por-que-você mesmo-não-pega" e depois de um segundo estiquei o braço para pegar a tigela.



- Ei, você precisa de mais preparo físico - ele fazia cara de riso.



- Aposto que não sou a única - rebati.



- Para a falar a verdade, eu tenho um bom preparo. Frequentava a academia diariamente...



- Ah, me esqueci que você é um riquinho mimado e eu sou daquelas que corre na pista do parque quando dá tempo, geralmente depois de um dia exaustivo de trabalho, além da escola e... - parei para toma fôlego.



- OK, já entendi...



Rimos.



- É bom estar de férias.



- Concordo plenamente - eu disse.



Depois do jantar - que, aliás, estava deliciosamente bom naquele dia - fomos para os jardins. A noite estava fresca.



- Quando vamos embora? - quis saber.



- Por que? Nao está gostando?



- Não, pelo contrário. Está sendo ótimo. Justamente por isso quero saber quanto tempo mais terei desse paraíso...



-Ahm... - ele fez uma pausa. - Também estou gostando. Das outras vezes que vim aqui não foi tão divertido.



- Vinha muito aqui? É por isso que todo mundo no hotel parece conhececr você?



- Bom, quando era criança vim várias vezes com meus pais. Eles gostam muito dessa região.



- É, aqui é um lugar para se gostar mesmo.



Ele caminhava com as mãos nos bolsos, olhando distraidamente para o chão. Dávamos passos lentos e largos. Uma pequena escursão por um caminhozinho estreito por entre os arbustos, na lateral do hotel.



Ficamos em silêncio por um tempo. Olhei para dentro. De fora, as coisas lá dentro pareciam mais graciosas ainda.



- Aqui deve ser lindo no Natal - comentei.



- Você gosta do Natal a esse ponto? Quer dizer, para pensar nele à essa altura do ano? Sabe ainda faltam uns meses...



Eu ri.



- Eu sei. Só comentei. Mas sim, eu gosto bem do Natal. Imagina que lindo todos esses arbustos com luzes e uma árvore na recepção.



- Hummm. É, pode ser. De qualquer maneira, acho que vocês, mulheres, se deixam tocar mais por esses detalhes natalinos.



- Ah, não venha com machismo.



- Machismo não. Isso é um fato.



Revirei os olhos.



Havíamos parado.



- Essa é a melhor viagem da minha vida - ele disse; logo em seguida afagou meus cabelos.



Olhei em seus olhos verdes. Eram profundos para mim. Fiquei preso a eles.



Quando vi estávamos próximos demais e não havia nada que eu quisesse fazer para mudar aquilo. Ele se inclinou para me beijar. Passei as mãos por seus ombros e pescoço e me deixei levar por aquele momento delicioso.



É indescritível. A única coisa que posso dizer é que palavras não são suficientes para descrever quão bom eram os beijos dele e como aquilo tirava meus pés do chão.



Depois que "acordei" do beijo que pareceu durar uma eternidade, nossos corpos estavam grudados, atraídos incoscientemente.



- Você é a pessoa mais especial que eu já conheci - ele disse - e lamento que tenha feito você correr daquele jeito esta tarde.



Tive que rir. Anacoluto e tanto. É, eu adorava aquele humor!...



Passei as mãos por seus cabelos. Ficamos nos olhando, beijando bochechas, pescoços, olhos, queixos, orelhas.



O que eu posso dizer? Senti-me querida. Ele pegou minhas mãos e me deu um beijo na testa. Fomos caminhando até um banco que havia na calçada.





Outro dia...





A casa era do tipo reconfortante. Pequena e com sofás e poltrronas fofas. Tudo parecia meio abarrotado, mas de uma maneira organizada.







Mas estava quente para ficar dentro daquele lindo lugar. Parecia que por ser um chalé pequeno era mais quente ainda. Talvez fosse essa mesmo a intenção do tamanho. Para dias de inverno rigoroso, sabe.



- Vamos andar um pouco laá fora, está muito quente aqui.



O sol entrava pelos vidros envelhecidos que formavam as janelas nas paredes de pedra. Era tudo meio amalerado pela posição dessa luz natural. Depositamos nossas malas no chão. Era tão "conforto de chegar de uma viagem".



Chamei-o para ir dar uma vola lá fora.



- Estou um caco! - ele protestou. - Experimente vir pilotando durante toda a viagem para você ver.



- Então eu vou sozinha! Andar pelo bosque desconhecido... E não vá ficar com remorso se eu me perder.



- Sabe que isso é chantagem?



- Isso é negociação!



Ele jogou o casaco pesado sobre o sofá, junto com o celular, aparelho inútil na maioria dos lugares que visitávamos. Já estava até desligado pelo costume de não haver sinal quase nunca mesmo.



Eu já havia deixado meus agasalhos sobre uma das cadeiras da mesinha redonda e simpática de madeira logo à esquerda.



O gramado era de um verde intenso e vivo. A brisa era fresca e trazia novos ares. Mesmo cansada me senti tão bem, tão livre, tão feliz.



Nos sentamos sob uma árvore à sombra, uns metros à frente do chalé, observando- o ao longe e imaginando as famílias que já haviam se hospedado ali. Indo mais longe ainda e imaginando como teria sido a primeira familia a contruir aquele chalé.



- Talvez não fosse uma família. - ele disse. - E se fosse um velhinho solitário?



- Viúvo ou solteiro?



- Alguma coisa dos dois. Viúvo faz parecer uma história de amor que teve um final triste, e solteiro faz parecer que ele foi alguém que aproveitou bem a vida.



- E o que você prefere? O que acha que tem mais a ver com nós?



- O velho solteiro!



- Safado!



Andamos mais um pouco depois de um tempo e até encontramos um riacho de águas muito claras correndo por entre os pinheiros. Ele jogou um pouco em mim com as mãos.



- Ei! Está gelada!



- Quem é que estava morrendo de calor no chalé?



- Ha-ha! - joguei um pouco de água nele também. Como uma criança ele retribuiu.



- Ok, podemos parar - eu disse depois de alguns jatos de água de ambas as partes -, antes que fiquemos ensopados. Eu ainda pretendo ir comer algo.



- Agora?



- Você que disse que havia uma cabana que fazia panquecas deliciosas aqui por perto. Além do mais, precisamos abastecer a dispensa para a noite, ou você pretende sair para olher umas frutinhas mais tarde e topar com algum urso?



- Me senti aqueles caras daquele filme, como é mesmo o nome? Sabe como é, para afugentar um urso, é só ficar em posição fetal.



- "Totalmente sem Rumo". Ah, não acredito! Esse filme é muito a sua cara!



- Ah, qual o problema?...



- Nada! Vamos logo então, antes que você queira testar essa teoria da posição fetal...



Pegamos nossos casacos no chalé agora que a tarde já chegava ao fim e começva a esfriar. Na garupa da moto fui até a cabana de panquecas respirando o ar fresco da montanha.



Ao descer da moto nossos pés faziam aquele barulho gostoso de passos na brita. Eu carregava o capacete e meu cachecol colorido em uma das mãos, e demos os braços com as que estavam livres.



Conversávamos alegremente sobre qualquer coisa, me sentia uma turista feliz em passeio. Acho que, no fundo, a situação não era mesmo muito diferente.