12 de maio de 2010

Sobre Ratos e Homens

Eu não gosto de reclamar de pessoas. Prefiro reclamar das coisas, das organizações, dos fatos, mas não gosto de reclamar sobre pessoas específicas. Mas dessa vez eu preciso falar sobre algo que vem me deixando muito chateado aqui em Campos. 
Não estou dizendo que só existam pessoas assim em Campos, muito pelo contrário, as pessoas que conheço aqui são muito gentis e prestativas. Vou relatar um caso em especial.
Todos os dias eu saio da aula e vou almoçar. Encontrei a um ano atrás um restaurante com a comida boa, não a melhor, mas é saudável e possui boas opções. Este pertence a um casal de senhores que pela forma como tratam os clientes mais antigos, aparentam estar alí a anos naquele mesmo ponto. São muito competentes na administração, conhecem bem os funcionários e fizeram uma pequena fortuna trabalhando desta mesma maneira. Acredito que seus filhos cresceram nesse mesmo ambiente, aprendendo aos poucos as funções administrativas e tudo mais. Talvez não tenham aprendido bem como lidar com as pessoas... De qualquer forma, eles agora administram e trabalham com a empresa dos pais que apenas passeiam pelo local.
Acontece que eu não sou uma pessoa que gosta de chamar a atenção pelas roupas que uso ou pela forma que me visto e muito menos pela posição social que eu possuo. Posso dizer inclusive que sou um pouco relaxado de maneira geral...
Por uma questão de custo x benefício, eu prefiro não almoçar lá dentro do restaurante. Com um valor menor, eu posso comprar um prato feito desses para comer em casa (quentinhas). Dessa forma eu economizo tempo e dinheiro, pois esse prato não é vendido a quilo, esta opção no entanto é mais utilizada pelas pessoas de menor poder aquisitivo. Com o tempo, fui notando que os clientes que não compram a sua comida a quilo estavam sendo atendidas de maneira diferenciada... Precisamos esperar mais do que os outros, aos poucos nossas escolhas são limitadas, as carnes começaram a sumir...
Educadamente, eu mostrei aos novos administradores que a "quentinha" não estava mais satisfazendo os seus clientes. Recebí a seguinte resposta: 
 " Não estamos interessados em investir nisso. Não é bom para os negócios, só pobre compra, para nós é praticamente caridade. "
Após ouvir isso, tentei questionar se é algum problema servir pobres, ou se não é melhor subir o preço das "quentinhas" e melhorar a qualidade do serviço.
 " É um problema, voces vem aqui, enchem as filas, compram a comida e não consomem mais nada aqui dentro. "
Agradecí pela comida, desejei boa sorte nos negócios e saí. Não me sentí ofendido. Sou pobre. Mas fiquei chateado pela falta de educação e pela falta de consideração com os clientes e com os pais dele, que sempre recebeu todos muito bem. 
Nunca me imaginei passando por uma situação dessas. Agora eu já sei, aprendí. Agora eu sou uma pessoa que lida com RATOS e HOMENS.