30 de outubro de 2011

Um pouco de mágica...

Colocar uma maçã com mel no jardim para agradar os gnomos. Alguma coisa doce para que eles nos ajudem a realizar pedidos. Essa é uma prática que eu tinha esquecido há tempos. Esses hábitos estavam muito mais entranhados nas paredes da minha antiga casa, imagino, no altar sobre o meu computador. Mas pelo visto minha mãe ainda carrega algumas crenças. Ou será que se faz de tudo quando se quer muito alguma coisa? Afinal, essa história de gnomo era muito mais a cara da minha avó do que de minha mãe.
Só sei que me bateu aquela saudade de ser criança de novo e acreditar nessas "mágicas" de verdade. Ficar realmente na dúvida se essas criaturas existem ou não, juntar ingredientes dentro de um pote de vidro e esperar acontecer. Eu sempre admirei esses poderes, queria que fossem reais, que funcionassem de maneira notável, como nas histórias. Queria um pouco de mágia na minha vida para tornar as coisas mais divertidas, os sonhos impossíveis mais fáceis de virar realidade. Acho que eu queria alguma coisa especial também. 
O tempo foi passando, e eu vi que não daria certo, que não é essa a magia que está solta por aí. Mas qual o mal de comemorar? De tornar a vida mais divertida com pessoas por perto, doces e "travessuras"? Por muitos anos fiz festas em casas, com decorações trabalhosas e feitas com carinho. Centenas de estrelas brilhantes, abóboras, tendas, roxo e preto pendendo do tedo sem lâmpada. Ao me enfeitar e me vestir eu sentia que aquela era a pequena magia que eu podia fazer. Sentir aquele vento que prediz chuva enquanto corríamos pelo jardim, era a magia que podia acontecer. Na cozinha, com os doces, era a magia que podia ser manipulada.
E então entra mais um dos muitos motivos que me ligam a Chocolat. Vianne não é bruxa, mas sente as pessoas. E cozinhar é a mágica para ela, bem mais simples de lidar do que o tarô de sua mãe. Eu gosto de classificar como uma magia mais inocente, que não nos deixa perdido dentro dela, que não nos engana quanto aos nossos destinos. Mas isso só a título de comparação, não vá pensar que eu acredito em destino... 
O fato é que depois de coleções de revistas e um monte de fantasias (essa foi minha tranquila adolescência!) outras ocupações surgiram, e as celebrações foram se tornando cada vez mais simples, mais íntimas, até que findaram. Ah, aquela garota sonhadora que acreditava em algum tipo de magia, mesmo que simples, às vezes eu queria encontrá-la de novo dentro de mim e dizer com carinho "Vem, pode vir, vem viver comigo de novo"...
Este ano, quando o mês chegou, eu senti os mesmos ventos de novo, o mesmo "clima". Mas algumas coisas já não possíveis. E não falo em crenças, nem em festas. Acho que a verdadeira magia, a verdadeira vontade de fazer as coisas acontecerem, carregamos dentro de nós. E não é o mês, uma data, que a libera. Mas é sempre bom lembrar com carinho do dia 31...