14 de outubro de 2011

Adolescência

Esses dias de chuva são perfeitos para ficar em casa, vendo televisão, navegando à toa na internet, escrevendo, qualquer coisa que não envolva sair por aí e chegar como um pinto molhado nos lugares. Mas às vezes a gente enfrenta essas situações, só para ir à aula e lá escutar aquelas conversas que te dão um nó na cabeça, causam crise existencial, dão vontade de chorar e assim vai. Ontem não foi nada tão extremo, mas eu me vi pensando sobre o assunto...
Nessa aula nós estávamos discutindo sobre os conceitos de infância e adolescência, e além das definições de dicionário, sempre surgem aquelas ideias de que a infância carrega tudo o que é bom e é um mundo de sonhos e é a melhor fase da vida (é mesmo), e que a adolescência é a época de rebeldia, a mais turbulenta e crítica.
Esse negócio de que adolescência é na verdade um aborrecimento sem tamanho eu sempre vi como um estereótipo, uma coisa que acontecia com os outros, mas não comigo. Eu sempre fui tão tranquila, nunca fui da fazer aquelas birras horrorosas por festa ou para ter alguma coisa  que não podia. Primeiro porque nunca fui de sair muito, sempre gostei de ler, pintar, ficar na minha, e quando eu saía era mais para ir na casa de alguém e não ficava até muito tarde. Então, para quê brigar? Segundo, eu sempre tive um pouco de consciência das coisas materiais. Quando eu era criança, não muito, mas já com os meus 12 eu sabia o que era caro e o que não era e avaliava se aquilo que eu queria era necessidade ou só vontade, se o preço era bom para a minha mãe... Enfim, essas ponderações um tanto adultas que às vezes eu desejo muito não ter. Então, pra quê brigar? Terceiro, sempre morei em "casa de vó". Quando eu queria alguma coisa, mesmo que só por vontadezinha boba, se eu merecia vovó me dava e eu ficava feliz. Isso me categoriza como garota mimada? É, eu também penso isso de vez em quando.
Mas a questão é que nunca precisei ficar batendo porta na cara de ninguém, mentir pra ficar na rua até mais tarde, nem fui aquela pessoa difícil de lidar, com temperamentos oscilantes e crises de mau humor. Não na minha adolescência...
E é aí que vem. Não sei se foi a faculdade que meteu umas ideias malucas na minha cabeça, ou se toda essa crise de adolescencia demorou, mas chegou. O fato é que tem dias que nem eu me aguento, e digo coisas na cara dura. Fico chateada por bobeiras e discuto com as pessoas pelo motivos que eu acho certos (às vezes, depois de um tempo eles parecem bem idiotas, mas para não perder a razão eu tenho que continuar falando). Só não abro muito o jogo com a minha mãe, ela invade demais o espaço e acaba colocando mais minhoca na minha cabeça, mas aí, sem saber os motivos, tem dias em que ela aguenta minha cara fechada e minhas respostas ferinas. É, parece que fiquei um pouco rebelde. Não muito, comparada com outras pessoas que eu conheço (ainda bem!), mas acho que o suficiente para o meu jeito de ser.
Para o meu alívio, não estou só! Algumas pessoas da minha sala revelaram que não tiveram sua crise de rebeldia no "momento certo" também, mas admitem estar passando por ela hoje em dia. 
Só espero que as espinhas que eu nunca tive não resolvam aparecer agora também...