19 de abril de 2009

Sobre ares

Antes, a escola nem tinha um ar que eu pudesse apreciar muito. Era tudo tão rápido, tive que me adaptar em tempo recorde com outras coisas que não eram o ambiente. Este, ah, este foi ficando de lado... Ficou por tanto tempo...
Vez em quando eu olhava pela janela. Era uma paisagem estranha. Nunca tinha visto a cidade daquele ângulo, nem com aquele odor desagradável, ou o calor estonteante. Tudo era uma fusão. Fome. Concentração. Rapidez. Alívio. Tensão.
À época, não parecia bom. Na verdade, enquanto vivemos algum momento que não é exatamente bom (às vezes, até chega a ser ruim) não percebemos o que ele tem de bom, e depois, quando ele não tem mais possibilidades de existir, sentimos uma falta tremenda dele. É, de uns tempos pra cá conheci a verdadeira saudade... As pessoas, as circunstâncias, a inocência que não existe mais...
O ambiente? Por que ele é tão importante para mim? Bom, eu não sei se é só comigo, mas há lugares em que eu me sinto particularmente bem e isso ajuda muito a desenvolver minha capacidade de comunicação. Mas esse ambiente vai além dos objetos; ele inclui a sensação que a matéria passa, é como se fosse uma decodificação para o subjetivo. É o ar, mas não aquele que se respira... Bom, esse também, mas além dele, é aquela atmosfera que a junção entre pessoas, objetos e experiências vividas passa.
Hoje? Ah, hoje a escola não é ruim. É diferente. O ar começa a ficar frio. É estranho ver o ambiente mudar. Talvez seja estranho me ver mudar com ele. Mas, sabe, ruim não está. É, definitivamente, não. A rotina massacra algumas sensações e, hoje, passo por muitos cenário e sinto que não faço parte deles, só passo por lá. E nesse novo ambiente, as coisas parecem que fogem um pouco do meu controle; eu pareço fugir do meu controle... "A carne é fraca..." Sim, aquele velho ditado, mas num sentido um pouco diferente. Talvez algo como substituir carne por atitudes faça o sentido se aproximar mais do que quero dizer... Mas é bom agir. Eu prefiro agir e ter na mente aquela sensação de que fiz uma burrada do que não agir e ficar com o pensamento me martelando a cabeça "E se eu tivesse feito?..." Então, acabo agindo sem ver...
Hoje em dia o ar é frio, eu olho pela janela e vejo a vida do lado de fora pulsar sem barulho, a chuva cair sem molhar... O olhar incerto... Eu vejo a realidade ou o que quero ver?
O meu medo é ter um não como resposta...