22 de abril de 2012

Páginas amarelas

Queria me entregar ao pianista sempre que tivesse esses lapsos de inspiração, e escrever por horas e horas, dias e dias, no caderno de páginas coloridas, e que ele nunca acabasse. Que durassem o necessário todas as páginas azuis, ébrias, intelectuais; todas as rosas, passionais, esperançosas, acolhedoras; todas as amarelas, guardiãs de um amor seguro, sonhos em verdade. E todas as outras, quantas cores forem preciso. Sou uma só essência mesclada e com harmonia, é assim que quero meu pianista, com seus altos e baixos, seus segredos e talentos, pelas ruas de Paris, Amsterdã, Veneza, Londres, São Francisco, Sidney, Tókio, Berlim, Praga, Budapeste, Moscou, Toronto, Roms, Cairo, Las vegas... Pelo mundo que percorremos, pelo qual muitas vezes caminhei de olhos fechados, mas agora os tenho abertos para toda a dor que esse amor ausente me trouxe. Achei que talvez não conseguisse transmiti-lo sempre, mas fiquei surpresa ao ver o comentário: "Me sinto tão triste, tão, tão... pianista."
Então ele é isso, todo o frio, todo o céu cinza e ventos cortantes, os ipês secos, os prédios distantes. Toda lacuna e toda bela música. He said: "I need you like the poet needs the pain."