28 de março de 2012

Das datas especiais


Março só tem um dia: 9. E é esse tipo de crença que me leva ao fracasso. Então, antes que o mês escoe pelo ralo, há coisas que precisam ser ditas. Espero que consiga fazer um bom resumo, porque mesmo assim tudo não estará presente neste post.
De fato, eu sou uma boa imagem de pessoa perdida. A noção clara disso veio hoje, quando eu percebi que há alguns dias já perdi as contas do calendário. Amanhã não é sexta? Hoje é vinte e... seis? sete? Nossa, a Páscoa já está perto assim? Ter noção dos dias em época de aula sempre foi uma característica marcante para mim, e penso que é comum para a maioria das pessoas. Para mim isso mostra que estou mais desorientada do que pensava, mas isso não é motivo para desespero. Sentir o ar morno do início da tarde, ouvir a rua e ver pessoas ao meu entorno, mas passar por tudo como se fosse um cenário, como se dentro de mim houvesse um mundo a parte. Chegar na faculdade, conversar com pessoas, mas de algum modo sentir a superficialidade daquilo... Não tem horas que tudo parece uma ilusão? É que nada é palpável quando lidamos com pessoas. Perdi minhas certezas. É tudo muito subjetivo.
No momento, deposito todas as esperanças de ter minha vida de volta naquela casa. Vista da cidade, das pedreiras, do verde além, e tão perto daquelas tardes de quinta-feira de novo. Até pelas fotos aquele lugar tão banal parece mágico. Seus ventos são outros, são os ventos que me embalaram por muitos anos, os únicos que conheci. Quero cada momento de volta.
Eu sei que não vai ser igual, no fundo eu sei, mas gosto de acreditar que pode ser algo muito parecido. E então chegamos em dois pontos importantes: a importância das coisas especiais e a vontade de permanência.
Essa vontade é parecida com a de Vianne, ela quer pertencer a algum lugar. Agora eu entendo um pouco esse sentimento na prática... O último post é resultado do fim da minha leitura pela enésima vez (já perdi as contas disso também). Nunca terminem um livro com o qual vocês se identificam tanto à noite, não se estiverem em uma situação confusa como a minha. As lembranças e vontades são tantas que para dormir  é difícil, e os sonhos dizem coisas, e dá vontade de chorar, sentindo o aperto no peito. Cansei de tentar criar conforto em lugares. O que eles têm de mim é uma história muito curta. Quero o aconchego do passado refletido nas paredes, no cheiro, no calor de um ambiente que me viu crescer, que carrega minhas histórias e onde eu posso ficar sem ter compromissos lá fora. Onde eu sou apenas Luana. Onde posso fazer o que quiser. Ser quem eu sou, sem estar presa a obrigações. Quero me achar em mim. E mais uma vez não dei explicações mais apropriadas sobre esse livro de que gosto tanto, Chocolat. Mas ainda o farei.
Sobre as coisas especiais, especialmente das datas, comemorações em geral. Meu apego com elas é grande. Tenho que parar com isso. Dessa vez acho que a queda foi maior porque depositei expectativas de todos os tipos naquela sexta-feira. O dia da semana é propício, e eu tenho tantos motivos e tantas pessoas com que comemorar. E eu queria provar bobagens. E eu queria não me sentir adulta ainda. E eu queria rir e dividir essa data especial. Eu quis tantas coisas num dia só. Eu quis a perfeição. E um único dominó que caiu foi o suficiente para derrubar todos os outros.
Lembro-me do dia 8 com flores em 2010, das massas no dia 10 em 2011, e o dia 9? O dia 9 não tem dado certo. Como se uma onda de azar se instalasse acima da minha cabeça. Para os outros, o meu dia é só mais uma dia. Para mim também deveria ser, afinal. Mas estou cansada em comemoraçõe nos dias errados! As pessoas tentam consertar o não-suficiente no dia 10. Catam os pedaços de bolo e remendam com brigadeiro... A partir do momento em que o que eu esperava não se concretizou, me frustrei. O que eu não sabia é que no ano seguinte seria pior, e depois pior ainda... Apelei para o famoso dia 10 mesmo assim, mas os parabéns cantados por três rapazes desconhecidos numa festa não era bem o que eu tinha em mente.
Descrente. Estou assim agora e ponto. Parece que nunca mais as coisas serão iguais, e espero que isso não seja verdade. Pois como eu disse, não sei viver em um mundo onde não há roman au l'eau de rose...