20 de agosto de 2010

Agosto é mês de...

Agosto e seu céu descorado, desbotado, ventos secos que cheiram a queimadas, lua laranja que habita o céu negro de sexta-feira 13. Agosto, aquele mês tão sem sal que sempre me pareceu indiferente se não fosse pelo seu início com o quesito "volta às aulas". Um certo dia à tarde, eu reparei mais uma vez o vento pela janela. Sem som, sem cor, sem nada. Nunca parece que há vida lá fora, ainda mais agora, com as árvores secas. Reparei o vento e todas as coisas que ele pode levar e trazer, lembrei de Vianne e da pacata Lansquenet, e de janeiro, da páscoa e chocolates e como tudo parece tão distante. Como realmente foi há muito tempo. Aqueles foram tempos mornos. Esses também são, de uma meneira diferente. Fogem ao sonho, são muito mais reais, e até envolvem chocolate também. Mas são secos. O jornal anunciou a umidade relativa do ar abaixo de 30% amanhã. E as queimadas continuam. Os uivos da Lila madrugada a fora também. Não é doença, não é fome, não é nada aparentemente físico, mas isso me faz lembrar a velha crendice dos mais antigos: agosto é o mês do cachorro louco. Agosto, o mês permeado por tantas crenças.
Ainda tenho o gosto amargo na boca da última coisa que comi. Açúcar não foi o suficiente. Água também não basta. Uma boa música não basta. É muito frio, solitário e amargo aqui. É horrível quando as horas contam...