12 de outubro de 2009

Criança interior


"Você não vai me dar parabéns?", eu perguntei ao meu pai.
"Ah, parabéns... É, parabéns! Apesar de você não ser mais criança."
"Mas todos temos uma criança interior..." (lugar-comum mais batido que tudo)
"Temos, mas ela vai se adultando."
Será? Quer dizer, "todos temos uma criança interior" pode ser batido, mas não usado tanto à toa. E se a criança fosse crescendo, não seria mais criança. O que eu penso que acontece é que nós a oprimimos, achando que temos sempre a razão, afinal somos mais velhos e responsáveis, temos um compromisso com a sociedade, enquanto a criança, bem, é só criança. É como a reação de não ouvir o seu irmão caçula quando ele dá um conselho.
Mas a criança está lá, sempre está, e às vezes a deixamos escapulir, quando fazemos uma piada inapropriada e tola, mas engraçadíssima, quando brigamos pelo controle remoto, quando dá vontade de brincar no parquinho, e nós realmente vamos (escorregador não é o máximo?), quando choramos e "chutamos o pau da barraca" porque não conseguimos; depois a gente vai e tenta de novo. Quando não paramos de fazer perguntas irritantes, mesmo que tenhamos percebido que chegamos ao limite de paciência do outro; quando topamos uma guerra de comida, rebolamos no meio da rua e cantamos sem nos importar, querendo apenas ser feliz! Yeahh, já reparou que a criança vem nos salvar quando estamos estagnando na nossa rotina adulta e chata? Nós, os adultos responsáveis (demais), comprometidos com a sociedade (demais), os adultos donos da razão.
Por isso, apenas por isso, e por tudo isso, é que devemos deixar o pirralho interior respirar de vez em quando, pois são as crianças que vão atrás das coisas mais essenciais e banais da vida sem medo: felicidade, amor e... doces.



Parabéns a todos que são (ou têm em si) crianças!