24 de fevereiro de 2012

Delícias de Carnaval

Enfim, para o bem de todos, essa data horrorosa passou. Soa amargo de minha parte falar assim, não? Mas é que não simpatizo nem um pouco com carnaval. De qualquer maneira, queria deixar algumas dicas para os próximos feriados ou qualquer hora vaga que surgir. Começando pelo paladar...
Bons filmes e livros exigem a degustação de um delicioso brigadeiro, e esse é especialmente bom. O gosto do cacau é acentuado, o que permite comer colheres e mais colheres sem enjoar. Pois é, para mim nada como brigadeiro de festa, enroladinho, com forminha de papel e tudo, e essa é a sugestão original do Brigadeiro dos Frades. Mas em época de mudança, muitas caixas e coisas a organizar, não dá para gastar tempo enrolando brigadeiro, então improvisamos para comer de colher mesmo, mas no ponto para enrolar, com uma camada generosa de raspas de chocolate branco e preto por cima. Ficou muito bom, no dia seguinte então, melhor ainda...
Meu dedo podre é fatal, então sempre escolho pelo menos um filme muito chato na locadora, mas sobraram três bons para contar história:

O Noivo da Minha Melhor Amiga: Meu preferido desse carnaval. É romance, não espere chorar de rir, mas é divertido, cria uma expectativa em você. Quando olhei a capa, pensei: aposto que ela se apaixona pelo noivo da amiga, mas na verdade ele é um canalha, no fim não tem casamento e uma livra a outra do galinha. Bem, uma coisa eu posso afirmar: em todos os clichês que você apostar, nenhum vai te levar à história do filme, você tem que assistir para ver que não é nada disso. Dou cinco estrelas, recomendadíssimo. E a melhor notícia é que existe o livro, como descobri no dia seguinte ao ler o blog da Tati.  Já baixei (aqui) e não vejo a hora de começar a ler.


Os Pinguins do Papai: Muita gente já deve ter visto esse filme. Não? Vale pagar o preço de lançamento, se você tem uma internet ruim como a minha e não consegue baixar filmes. É engraçado e fofo, dá vontade de ter um pinguim de verdade. Adoro animais, então me apego a histórias desse tipo. Além do mais, o filme também fala de família. Só achei que podiam ter  colocado um conteúdo melhor nos extras. No mais, Jim Carrey é Jim Carrey...

Grande Menina, Pequena Mulher: Já é um filme antigo, mas de tanto que me recomendaram, não resisti. Mu, o porquinho, é um fofo (mais uma vez voltando aos animais). È um filme leve, não acho que seja uma história emocionante a ponto de chorar, mas isso não quer dizer que a lição não seja válida. É legal ver como uma aprende com a outra e tem algumas cenas engraçadas.



Outra coisa que não me canso de fazer é vasculhar o blog da Vivianne Pontes. Já sigo há algum tempo e estou me deliciando com as dicas de decoração e faça você mesmo. Até resolvi meu problema com a cortina graças a este post. É um blog muito legal e útil, recomendo.

15 de fevereiro de 2012

Mudança: Tudo novo de novo

Começou num sábado e num sábado terminou. Vi a primeira claridade do dia brotar no horizonte com um misto de esperança, um vento frio anormal para os últimos dias e chuva, chuva fina, que eu rezava para parar. Além do dia da semana em comum com a última vez, continuamos fadadas a mais algumas coincidências: " Temos gás, mas eletricidade ainda não." Foram essas as palavras de Vianne naquele mesmo capítulo que transcrevi no último post. E as faço minhas. Sim, caros amigos, passamos o final de semana sem luz no novo apartamento. Mas apesar desse tipo de dificuldade, a mudança correu tranquila, e essa é realmente a palavra que melhor a define. O motorista do caminhão é um homem de poucas palavras, produtivo nas suas atitudes ritmadas, assim como seus ajudantes. Contidos, calmos, experientes, cuidadosos com nossos sonhos e lembranças, embalando-os em cobertores e acomodando-os da melhor maneira possivel, lendo as indicações nas caixas, sem nada jogar. Dessa vez não houve pressa (e parece que justamente por isso tudo saiu mais rápido ainda), não houve aquela surpresa ruim, calor, churrasco, cerveja, música, baixaria; não houve aquele constrangimento de coisa errada, aquela sensação de erro, de abandono de lar. Dessa vez nossos pertences não vêm carregado com aquela imagem da casa de anos, e sim com uma sensação de alívio.
Olho para os cômodos vazios pelo o que penso ser a última vez, trancamos tudo e partimos, deixando para trás umas últimas coisas para buscar depois. Vamos embora bem a tempo, antes que toda a agitação de comércio comece. E ao empilhar caixas e sacos neste apartamento, ele já vai adquirindo nossa cara, basta olhar os móveis posicionados no meio da bagunça. O sofá azul e o hack de jatobá. O contraste com as paredes amarelas é ótimo, mas melhor ainda o ambiente do meu novo quarto. A cerejeira dos móveis cria perfeita harmonia com o entorno, e no outro canto a mesa mogno montada em L novamente me lembra aqueles meses de abril e maio, um romance italiano, reforma e expectativa.
A energia, a atmosfera, a impressão, esse ar, isso que sinto, não importa o nome, é bom. É acolhedor, aconchegante, tem um quê de lar, de Chocolat; o ambiente que eu queria. E eu tenho a plena certeza de que não estarei desamparada. Damos nosso jeito para contornar alguns problemas técnicos, como a falta de luz, mas a paz reina, a alegria, e vale frisar, o alívio.
Eu olho pela janela e vejo um céu azul estático, como numa pintura. As casas de um bairro nobre num morro gigante. Do outro lado, uma das avenidas principais da cidade, inúmeras pontes, uma igreja barroca contrastando com os sobrados e comércio. Palmeiras, enormes. Posso me debruçar na janela e olhar por quanto tempo quiser. Aqui, podemos abrir as janelas da frente. Aqui, no nosso novo lar. Estamos prontas para começar tudo novo de novo.

8 de fevereiro de 2012

Faxina

Água com sal grosso de dentro para fora e descendo escada abaixo para levar embora tudo de ruim. Água benta de fora para dentro para trazer boas influências. Assim finalizamos a limpeza do apartamento para o qual vamos nos mudar. A primeira faxina sempre é a mais difícil, com resquícios de cimento, massa corrida e ferrugens de lata de tinta pelo chão. É necessário muito sabão, vassoura e palha de aço para tirar todas as manchas. Disposição, espátula, suor. Mas quando o piso seca claro e brilhante, nota-se que valeu à pena. E quase dá para ver a agitação que um dia vai haver lá dentro, os risos e brincadeiras de garotas.
Esses "rituais" de nova morada me lembram um trecho de Chocolat, que li essa semana mesmo:

À luz de uma vela, exploramos nosso novo território; os velhos fornos ainda surpreendentemente bons debaixo da gordura e fuligem, as paredes apaineladas de pinho, as telhas de barro enegrecidas. Anouk descobre o velho toldo dobrado numa dependência nos fundos e o arrastamos para fora; aranhas se espalham, saindo debaixo da lona desbotada. Nossa moradia fica no sobrado da loja; um quarto-e-sala com banheiro, uma varanda ridiculamente minúscula, um canteiro de terracota com gerânios mortos... Anouk faz cara feia.
- É tão escuro, maman (...) E tem um cheiro tão triste.
Ela está certa. O cheiro é como a luz do dia aprisionada por anos até se tornar acre e rançosa, o odor do excremento de camundongo e dos fantasmas de coisas esquecidas e não lamentadas. Tem o eco de uma caverna, o pequeno calor da nossa presença serve apenas para acentuar cada sombra. Pintura, luz do sol e água com sabão nos livrarão da sujeira, mas a tristeza é outra história, a ressonância desolada de uma casa onde ninguém tinha rido durante anos... 
(...)
Acendemos uma vela para cada cômodo, em cores dourada, vermelha, branca e laranja. Prefiro fazer meu próprio incenso, mas, numa crise, os bastões comprados prontos, de lavanda, cedro e capim-limão, servem para quebrar o galho. Cada uma de nós pega uma vela, Anouk soprando sua corneta de brinquedo e eu batucando numa velha frigideira com uma colher de metal. Por dez minutos, circulamos por cada cômodo, gritando e entoando no tom máximo de nossas vozes - Fora! Fora! Fora! -, até sacudir as paredes e pôr os indignados fantasmas em fuga, deixando em seu rastro um débil cheiro de queimado e boa quantidade de reboco caído. Olho por trás da pintura rachada e enegrecida, por trás das tristeza de coisas abandonadas, e começo a ver vagos contornos, como a pós-imagem de uma estrelinha de fogo segura na mão - aqui uma parede reluz com pintura dourada, ali uma poltrona, um tanto decrépita, mas colorida de um laranja triunfante, o velho toldo subitamente brilhando como as cores semi-ocultas saídas de sob as camadas de sujeira. Fora! Fora! Fora! Anouk e Pantoufle batem com os pés e cantam e as débeis imagens parecem ficar mais brilhantes - uma banqueta vermelha junto ao balcão de vinil, uma corda de sinos contra a porta da frente. Claro, eu sei que é só um jogo para reconfortar uma criança assustada. Trabalho terá de ser feito, trabalho duro, antes que qualquer coisa se torne real. E ainda assim, no momento, é suficiente saber que a casa nos dá boas-vindas, tal como nós a ela. Sal grosso e pão no batente da porta, para aplacar quaisquer deuses residentes. Sândalo sobre nosso travesseiro, para adoçar nossos sonhos. Mais tarde, Anouk me disse que Pantoufle não estava mais assustado, de modo que ficou tudo numa boa.

E a história segue. Espero que do mesmo modo que Vianne conseguiu arrumar sua nova casa e chocolateria de modo acolhedor, consigamos organizar nosso novo lar para que seja também aconchegante. Recomendo muito este livro a todos, ainda tenho que tirar um post só para uma resenha, já que já fiz várias menções, sem nunca deixar muito claro toda a história do livro e todos os porquês de lê-lo todo início de ano.
Hoje à noite a lua  está cheia e brilhante no céu. Brilhando tanto que os olhos até ardem de olhar para ela por muito tempo. Até parece que ganhou luz própria. Já não era sem tempo...

3 de fevereiro de 2012

Pianista

          Você é tudo o que me restou daquelas partituras que eu não sabia ler, mas carregava comigo. Você é a inspiração que veio quando eu mais precisava. Como sempre, você estava lá. Você está aqui agora. (...) Sua música veio como uma rajada de vento reacendendo meu coração e como uma luz clareando minha mente. Sua voz de novo com novas melodias. Seu ritmo mais vivo, cheio de esperança para mim. Obrigada. Overshadow every light now, please. (...) Deixa eu sentir as batidas do seu coração, o seu pulsar, meu personagem ganhando vida de novo. Me leva pra tua história. Venha  cheio de brilho de novo. Não me deixe ver a realidade, apenas sentir a nossa realidade. Você é forte, cuide de mim. Esperei tanto por sua volta.
Eu entendi o que você disse. Nós falamos a mesma língua: música. O sol voltou a brilhar hoje e eu sinto aquele frio vindo de dentro de mim. E eu nunca pensei que isso pudesse ser tão bom para mim. Essa sou eu. Senti minha falta. Senti sua falta, pianista. Invadindo meus sentidos, me ajudando a rascunhar nossa história. Eu carrego o mundo inteiro dentro de mim e quero muito que você me faça companhia. Suas palavras, sua voz, as notas que acalmam minha alma.
Agora o mar é só uma sombra, sempre bela, mas eu vivo novamente na cidade. No cinza que me encanta com sua melodia. Toque uma música para mim à beira da água doce. Doce como Paris, como os doces que provamos pela nossa caminhada. Somos viajantes, e fazemos isso juntos. Vamos para a mesma direção. Let me feel you.








1 de fevereiro de 2012

Retomando...

Antes de tudo, gostaria de agradecer a todos que me parabenizaram pela formatura, no entanto, eu falava de uma amiga de quem gosto muito, não de mim. Desculpem se isso não ficou claro, minha caminhada até o fim da graduação ainda é longa, mas agradeço mesmo assim, de coração. Transmitirei à ela os votos de felicidade na nova etapa.
Quanto a Janeiro, chegou ao fim de uma forma incrivelmente rápida. Mais um mês, mas não qualquer um. O ano começou agitado. Uma agitação que dá aquele frio na barriga, aquelas decisões importantes. Viagens. E finalmente, casa. Vontade de curtir o lar. Aquela vontade que não é muito possível, porque o lar já se desintegra. Em menos de duas semanas me mudarei de novo e o ritmo agora é de empacotar, encaixotar, embrulhar. O ritmo agora é contruir novo lar, sem as manchas do passado. 
Fevereiro começa com aquela vontade de ler Chocolat mais uma vez. Todo ano, o mesmo costume. Este ano mais tarde, mas espero ter tempo de aprender mais algumas lições com Vianne. Começaremos ao mesmo tempo, no mês de carnaval, nossa jornada pelos desejos humanos. Adoro esse livro e recomendo a todos. São mais do que simples palavras impressas no papel.
Gostaria ainda de acrescentar que estive ausente por uns dias, sim. Quem tem tempo para internet em Campos do Jordão? Em breve, mais relatos dessa viagem também. Serão mais dinâmicos, prometo.