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De uma terça-feira de férias, a primeira delas. Uma amiga minha diria "Pensa naquela pessoa que ela está pensando em você também". Na verdade, há toda uma lista com o significado de todos os números repetidos que se vê no relógio. Eu tive a decência, uma vez, de pesquisar sobre isso. O nome do "fenômeno" (posso chamar assim?) e essas coisas, só para ver a explicação sobrenatural que davam. Capicua é o nome. Estranho, não? Bom, não mais que o próprio fato de ver números repetidos em todas as coisas, e também não mais que o fato de eu e minha amiga já estarmos bem crescidinhas para essas brincadeiras.
Falando em crescer, às vezes a gente fica chato quando cresce. Perdemos o foco de ser 'multifoco' e vivemos muito em função de uma coisa só. Queria ter arpoveitado para falar de um filme, de um livro de sucesso, da Copa, de festas juninas, de uma medalha de ouro. São tantos os momentos que passam e não agarramos; outros, nós agarramos sem precisar.
Praga. O homem no consultório disse que já esteve em Praga. Belíssima cidade. Ele estava na Alemanha, pegou um ônibus e em algumas horas estava lá. Tudo tão bonito. Ele teve alguns desentendimentos linguísticos, já que não fala nada em alemão, mas valeu à pena pelo o que eu ouvi. Já no Japão, ele não teve tantos problemas, principalmente no que diz respeito à alimentação. Lá, eles colocam os pratos à mostra nos restaurantes, então basta apontar para o pedido e a garçonete entenderá. A conversa focou-se mais em comida daí para frente, mas me lembro que há também aquela moça que está em Paris, depois de algum tempo na Tchecoslováquia. Foco. Foi aí que eu perdi o meu. Não reconheço mais nem meus sonhos. Um dia eles vagavam por esses países e cidades, em ônibus, trens e aviões. Um dia eles estiveram afixados na parede do meu quarto. Ainda estão, mas não carregam mais o mesmo significado. Nem eu carrego mais a mesma pessoa que sempre fui.
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"Pensa..."
